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sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Muitas das falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão quando desistem." Thomas Edison

 Edison levou um ano inteiro de tentativas até conseguir inventar a lâmpada. Passou por uma infância sofrida e pobre, e suas primeiras invenções não trouxeram retorno financeiro nem reconhecimento, embora fossem boas. Poderia ter desencanado de ser cientista. Ele chegou a dizer: "Não me desencorajo, porque cada tentativa errada descartada é outro passo à frente." Mas após incontáveis vezes finalmente conseguiu manter uma luz acessa por 45 horas seguidas. Não fosse por ele este monitor, formado por milhares de microlampadas, não existiria.
 Rutherford repetiu dezenas de vezes a famosa experiência na qual descobriu a estrutura do átomo até conseguir se convencer de que havia feito corretamente e que os resultados que observava eram verdadeiros -  eu nunca vou esquecer do meu professor de química do cursinho, dizendo que ele era teimoso e cabeça-dura. Que bom que ele não descartou o resultado de sua experiência de primeira, ou ainda acreditaríamos no modelo atômico de Thompson, com prejuízos para a medicina, entre outras áreas. 
 Obrigada por todos os comentários que vocês deixaram para mim. Eu ia abandonar os meus sonhos, mas agora penso: "já cheguei tão perto, por que desistir agora? E se eu conseguir na próxima tentativa? Tenho que continuar lutando." Vocês me deram forças para recomeçar. Obrigada, garotas.

Ayumi Hamasaki - Real Me


"What I need? "O que eu preciso?
What you need?O que você precisa?
Yokubou ga atteTalvez está tudo bem
Mitasarenai uchi wa      E enquanto eu tiver desejos
Daijoubu kamo ne"Eu não estarei satisfeita"

 Quando uma pessoa tem anorexia ou bulimia, tem um transtorno de auto-imagem que a faz se enxergar muito mais gorda do que realmente é, e chegar a extremos para tentar superar isso (jejum, vômito auto-induzido). Eu tenho transtorno dismórfico corporal, e também me enxergo como monstruosa. A diferença é que o motivo da insatisfação vai mudando. Eu era obcecada com os meus seios, depois comecei a ficar paranóica com a minha pele (que ainda não está boa), mas agora o meu peso tem começado a ser uma fonte maior ainda de insatisfação e, me conhecendo, quando eu resolver essas duas coisas logo vou estar insatisfeita novamente, com algo novo, provavelmente o cabelo. E eu ainda vou aumentar os seios um dia.
 Essa vida com dismorfia corporal é uma merda e isso vai sugando as energias que poderiam ser gastas com coisas mais produtivas, como arte, ciência, política, esportes, cultura, entretenimento, sociabilização, trabalho, um namoro... o amor próprio se esvai. O tempo, o dinheiro são gastos nisso. E as energias psíquicas.
 "O que eu preciso?" Será que eu preciso mesmo de mais um sapato? De uma pele perfeita? De um cabelo não sei como? "Talvez está tudo bem." Talvez eu já seja "bonita", ou pelo menos, eu não seja tão monstruosa quanto me enxergo. Mas, "enquanto eu  tiver desejos / Eu não estarei satisfeita", e eu ainda preciso, ou sinto que desejo, ter uma imagem melhor.
 Vejam bem, eu quero que vocês me entendam. Eu nunca quis ser bonita "para mim mesma". Eu quero ser bela para ser respeitada, bem-vista e tratada, e com isso conseguir um parceiro. Construir uma família com ele. Esse é o objetivo, sempre foi desde o começo, eu nunca escondi isso. E, agora que já dei tantos passos adiante, não vou desistir mais! O que eu preciso é de muitas thin inspiration, para me motivar.
 Não quero ouvir que a opinião dos outros não importa. Eu quero ser bela e não ser mais o motivo de piadas e comentários de todos. Isso magoa, e muito! Quero ter uma imagem que os outros respeitem. E que os homens desejem, porque a minha solidão dói. Sabem o que é chegar aos 20 anos sem ter tido um namorado? A sensação de que "ninguém me quis" é tão avassaladora que eu vou combatê-la com todas as armas que eu tiver. Chegar o mais perto possível do padrão, merecer elogios, pescoços virando na minha direção. E ter um aspecto que agrada ME faz bem. Me faz menos sozinha, menos humilhada, mais respeitada, enfim mais feliz. Não é só uma questão de auto-satisfação, mas de bem-estar no convívio com os outros membros da sociedade. Por que não?
 Se alguma de vocês ainda puder me apoiar mesmo assim, eu adorarei apoiá-las de volta. Vamos lutar pelos nossos objetivos e alcançá-los, todas somos capazes.
 Eu estou recomeçando hoje.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fim

 Acabou. Eu desisto.
 Desde tão nova, eu sempre soube que não iria casar, ter filhos - e até rejeitava a idéia. Bom, eu tentei lutar contra isso, mas é, de fato, inútil. Fui uma monstra numa vida passada, estou irreversivelmente destinada à solidão nesta.
 Faz exatamente um ano que eu me propus a ser bela e conseguir um namorado. Foi um ano absolutamente atípico na minha vida: única vez que eu me preocupei com a aparência, que eu tentei me relacionar com um cara. Até negligenciei a faculdade. Mas, tudo em vão. Preciso reconhecer a derrota.
 Agora, vou reaprender a viver como vivia antes: para o trabalho e os estudos. Parar de gastar o meu tempo, os meus esforços e o meu dinheiro com maquiagens, roupas, tratamentos estéticos, cabelo, cirurgias plásticas e afins. E, sobretudo, parar de me desgastar emocionalmente. Meu dinheiro irá para um apartamento, um carro, viagens, e livros. Meu tempo irá para o trabalho e os estudos. Nada mais me resta, tentar qualquer outra coisa é garantia de fracasso.
 Eu fracassei, eu perdi, game over, hora de virar a página. Agora reconheço que a solidão é a minha única amiga, o meu único destino e a minha única certeza.
 Bem lá no fundo, sempre haverá aquela esperançazinha. Aquela coisa que me dá ao ver um homem bonito, aquela dúvida se foi comigo aquele assovio, aquela tristeza ao ver casais se beijando, tão forte e tão visceral que eu sou obrigada a desviar os olhos para não ver aquilo. E a conter as lágrimas.
 Em pensar que ao longo deste ano algumas vezes eu realmente consegui ficar atraente! Com boas roupas e sapatos, maquiagem perfeita e um cabelo legal. Tão feliz ao me olhar no espelho! Tão cheia de mim ao ouvir os elogios! É, mas eu desisto de tentar parecer uma princesa 100% do tempo. Isso exigiria mais esforço, mais dinheiro, mais tempo. E tudo isso para despertar desejo nos homens. Para que um, um dia, ao ser fisgado pela aparência, possa querer estabelecer um relacionamento sexual comigo, vá se apegando com o tempo, depois quem sabe não passe a me amar, não é mesmo? É, para todas as outras, menos para mim. Eu sou uma fracassada, que além do mais, não consegue achar um homem feminista, que saiba valorizar uma mulher. A esmagadora maioria é de canalhas que não consegue enxergar em nós mais do que um buraco onde chegar e enfiar o pau. Nos descartam logo depois. Nos usam como depósitos de porra. E têm orgulho disso. Mesmo se eu conseguisse ser gostosa, eu iria pastar com um quadrúpede atrás do outro até achar alguém que prestasse. É mais dor do que eu estou disposta a suportar. Acabou para mim. Eu não sou gostosa o bastante para conseguir um homem e é quase impossível achar um homem humano o suficiente para valer a pena estabelecer um relacionamento.
 Quanto dinheiro eu gastei, quantas horas de sono eu perdi, quanta dor física atravessou o meu corpo, o quanto eu sofri? Bom, mas agora acabou. Já fui até o meu limite, e não vou continuar nessa batalha perdida.
 Talvez um dia eu venha a ter um relacionamento homossexual. Talvez nem isso. Solidão, obrigada por ser uma companheira fiel, devotada, e que jamais me abandona.
 Se alguém um dia ler isto aqui, saiba que eu desejo felicidades.
 PS: estou apagando todas as fotos do blog.
 PS2: se alguém leu o post do dia 11/08/2010 (http://ensolarandome.zip.net/), a situação ficou a seguinte: achei a saída do labirinto antes de encontrar o tesouro. Poderia voltar para o labirinto a fim de continuar procurando pelo tesouro, mas preferi sair sem isso. Não por medo de não reencontrar a saída, por exaustão pura e simples. Esse labirinto foi só um contratempo, um desvio do meu percurso. Agora é voltar à rota.
 Um diploma. Uma carreira científica. Uma cadeira para lecionar em uma universidade. Dinheiro. Um pouco de diversão, ainda que sozinha. Livros nos quais me distrair da solidão. Isso é tudo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mudaram as estações, nada mudou


 Os dias de frio voltaram, com a melancolia que lhes é inerente. Me sinto novamente desolada e infeliz e percebo que, após toda essa jornada, na realidade nada mudou.
 Sinto como se estivesse desperdiçando esforços em uma tarefa fadada a ser infrutífera. Continuo tão lamentavelmente solitária quanto sempre fui, e receio que nunca deixarei de ser. Um homem me amou, mas ele daria um péssimo parceiro. Outros se aproximaram ou me elogiaram. Mas, essencialmente, a vida segue a mesma. Sem um namorado que me ame, sem a quantidade de parceiros que eu almejo. Não sou tão bela quanto gostaria nem tão bem vestida ou maquiada. Na verdade, não sou tão disciplinada quanto preciso, deve ser isso. Ou será que é algo pior e menos solúvel?
 O tempo está passando, a vida escorre com os grãos de areia por através da fina cintura da ampulheta, que caem, inexoravelmente, irreversivelmente. A minha morte pode ser daqui a poucos minutos, e o que eu terei deixado? Nada. O que eu terei vivido? Quase nenhuma boa lembrança. O que eu levarei comigo? Esta última nem me atrevo a tentar responder.
 Minha vida amorosa segue sendo um desastre. O cara que eu amo não quer saber de mim, mas neste momento prefiro a dor de não ser correspondida. Não quero, não consigo seguir em frente ainda. Eu tenho medo do dia em que amarei outro. Porque jurei que este foi o último cara por quem eu só chorei, que eu não alcancei... mas, e se eu voltar a amar e fracassar? Será que eu cresci em maturidade, e me tornei mais atraente? Será que eu o fiz o bastante para conseguir ser correspondida da próxima vez? E, mais importante, será que eu sou capaz de suportar mais uma decepção?
 Minha vida sexual segue lamentavelmente. Pornografia, masturbação... e nenhum homem. Só contando calorias, subindo à balança, tirando medidas, usando cosméticos, gastando com roupas, com sapatos, com maquiagem. Ainda tão longe do que preciso ter para ser considerda bonita. Estarei eu igualmente longe de conseguir um parceiro? Será que eu posso mesmo acreditar que a minha solidão terá um fim quando eu me olhar no espelho e gostar do que vejo? Ou será que nem isso resolverá?
 A solidão dói, o frio incomoda, a cama de solteira, os casais se beijando no shopping, os dedos sem aliança, as pessoas andando de mãos dadas no metrô, as mulheres belas passando, os colegas de trabalho comentando a última Playboy, a literatura falando sobre o amor, os dias de folga passados a sós. Tudo fere.
 Mas eu ainda não desisti.