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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tudo de novo

Eu preciso admitir: foi otimismo demais da minha parte, no meu último post, achar que o jogo estava ganho. Eu não consigo, não consigo deixar de pensar em tudo o que eu deixei pendente, e eu quero ver o que vai acontecer se eu for até o fim.
Tenho que começar a viver outras coisas: ter bom desempenho na faculdade, fazer um curso de inglês, viajar, juntar dinheiro para o maior sonho da minha vida, que é ter um apartamento próprio em que morar. Mas nada faz com que aquela vozinha "tudo isso é um falso consolo para a beleza que você não tem" saia da minha cabeça, e o único jeito de tirá-la de lá que eu conheço é me tornando mais e mais dentro do padrão. 
Eu, novamente, tentei os caminhos convencionais e socialmente aprovados: estou fazendo terapia, vou à psiquiatra, tomo a medicação, faço acupuntura. Porque do movimento feminista eu já extraí até a última gota e ele já não tem mais nada de novo para me oferecer.
Ainda assim, "nenhum homem nunca vai te amar com um corpo desses" não se dissolve da minha cabeça, então agora eu vou mergulhar nisso.
Ou pelo menos eu acho.
O que mantém a decisão definitiva sobre retomar ou não as modificações corporais em suspenso é: eu finalmente consegui um emprego muito mais bem pago, com o qual os meus sonhos estéticos ficam mais fáceis de alcançar. No entanto, eu estou aqui me cagando de medo de ser demitida. Eu talvez terei uma confirmação a esse respeito até o final da semana que vem. Se for o caso, o que vai acontecer é: tudo, tudo vai desabar e eu vou ficar tão sem chão, que um blog pode ser uma tábua de salvação mínima sobre a qual recomeçar. Porque sinto que ninguém se importa, e que não tenho ninguém, com quem desabafar sobre nada. Quem sabe fazer umas amigas verdadeiras por aqui...
Caso, pelo contrário, eu continue empregada onde estou... mês que vem recomeço a busca pela perfeição.
Será que eu também posso ser uma princesa?
Tenho muitas novidades para contar. Como vão vocês?


quinta-feira, 26 de julho de 2012

 Sim, eu mudei. Para pior, é verdade. Às vezes, pequenas coisas do cotidiano me denunciam que uma transformação se deu em mim, de fato. Elas me espantam, me surpreendem e me fazem sorrir.
 Percebi que estava realmente enjoada das músicas de sempre na memória do meu celular. Porque elas eram muito calmas, ou muito revoltadas, ou muito tristes... e eu queria ouvir músicas mais dançantes e alegres. Depois de baixar várias coisas, as novas e as antiguissimas do tipo que eu não ouvia há tempos, elas começaram a fazer o meu dia mais ameno ou mais divertido, com seus ritmos fortes, suas letras otimistas ou mesmo tolas. Uma moça rindo no ônibus a caminho do trabalho, sozinha com seus próprios pensamentos e fones.
 Um dia eu comecei a reparar que o meu guarda-roupas tem ficado cada vez mais colorido, com cores alegres ou claras. Tantas coisas que eu achei que jamais usaria... de repente, tenho uma peça de roupa amarela. E isso me fez pensar: "há uns tempos atrás, eu teria visto esta blusa na vitrine e dito 'é bonita, mas eu jamais usaria isso'. Mas, vou sair com ela hoje. Que estranho!". É estranho não estar mais sempre de preto ou cores sóbrias. Mas eu não decidi que mudaria isso. Aconteceu de modo espontaneo...
 Da primeira vez que me ouvi rir alto em muito, muito tempo, eu estanquei o riso de vergonha. Porque é claro que eu ia parecer escandalosa, até ridícula, rindo daquele jeito. Mas com o tempo, parei de estranhar o som da minha própria voz sorrindo. E hoje já é quase normal. Eu tive que reaprender a rir sem culpa, e atualmente eu faço isso, e é uma pequena vitória, embora seja perfeitamente natural para quase todas as outras pessoas do mundo. Ainda sou séria. Mas talvez já nem tanto...
 Mas a transformação mais surpreendente é que eu finalmente aprendi a dançar. Sim!, eu aprendi a dançar, mas como? Não sei. Só sei que eu comecei a me sentir no direito ou talvez até no dever de ir a baladas, como nunca fui na minha adolescência. Tinha tanta inveja daquelas jovens bonitas, desenibidas e populares com os rapazes... bem, ainda tenho. Ou sou, ou fui, uma garota feia, tímida, inibida com o próprio corpo, que bem que tentava, mas não conseguia se soltar ao som da música eletrônica - passos ensaiados, uma coreografia, eu tirava de letra. Mas esse negócio de se requebrar sem regras e sem script no ritmo da música? Eu não conseguia.
 Aquelas garotas alegres e bem-resolvidas - estou me transformando numa delas? Será? Só sei que se operou um pequeno milagre na quarta ou talvez quinta vez que eu saí à noite depois de anos de reclusão. De repente, eu estava dançando. E cada vez mais rápido. E cada vez menos inibida. E cada vez com passos mais ousados. E de forma cada vez mais sensual. E, finalmente, eu não estava mais raciocinando sobre - eu estava simplesmente sentindo. Era mesmo eu? Não, era uma nova pessoa. Mais segura de si, mais feliz.... como eu sempre achei que merecia ser, mas como poucas vezes me senti capaz. E então, lá estava eu, sendo fotografada dançando. Para que houvesse sempre um registro que lembrasse para mim mesma que de fato aconteceu. E todas aquelas fotos de thin inspirations alegres... eu passei a ser uma delas?
 Sim, eu mudei para pior - e paguei um preço por tudo isso. Sem que ninguém venha me apontar o dedo, eu já me ferrei bastante para conquistar essas mudanças. Minhas notas estão baixas, meus livros para ler estão se acumulando em montes que parecem que nunca vão ter fim, eu trabalhei em escala 6 x 1 ao longo de 2 anos e quatro meses, aos sábados, domingos e feriados. Torrei todo o dinheiro que recebi por isso, e nunca estive tão dura. Deixei meus sonhos para 2 anos e quatro meses mais tarde do que eu poderia realizá-los. Engoli a verdade quando estava certa, ouvi gente me desrespeitando sem poder revidar, me deixei pisar, eu sacrifiquei quase até a minha dignidade.
 E mais importante que tudo, minha consciência me incomoda, me condena. Como nenhuma pessoa que diga "você não é mais a mesma" em tom de acusação jamais conseguiria condenar. Porque a condenação que eu faço a mim mesma é a mais severa de todas.
 Só que ninguém é obrigada a insistir em erros para preservar uma dita coerência ou não ser chamada de hipócrita. Eu mudei o corpo, e parece que isso está mudando o espírito. E quem achar que foi uma mudança para pior, bem, ninguém pagou o preço alto de ser quem eu fui, para poder me dizer que é uma mudança para pior ser quem eu sou hoje.
 É por isso que hoje eu volto para dizer a vocês: lutem pelos seus sonhos. As pessoas vão condenar, a gente se cobra a coerência, mas isso não é importante. Ser feliz é mais.
 Anorexia e bulimia são doenças. Se as pessoas de quem vocês gostam, aquelas que parecem ser as únicas que te entendem, querem que vocês continuem como estão, bem, às vezes a gente tem que perder pessoas queridas, como eu também perdi, para ir atrás do que queremos e precisamos. E quem realmente vale a pena vai ficar na sua vida. E outras pessoas vão aparecer. Lutem pela beleza, mas lutem também pela própria saúde. Lutem pela própria vida. Lutem pela felicidade.
 IMC = 15,80. 280ml de silicone. Guarda-roupas novo, sapateira nova, vida nova. E saudável. Vocês também podem. Por favor, empreguem a mesma força necessária para um nf em protegerem a própria vida e a própria saúde. Magreza sem ana e mia é possível. Para vocês também. Acreditem, lutem. Por favor.

 "(...) também brotam asas dos meus pés, das mãos, começo a rodopiar (...), danço sozinha pela alegria de dançar e me sinto livre pela primeira vez na vida... Sorrio de prazer, sinto vontade de gritar 'Pronto, olha, tenho o dom. Aconteceu: olha! É o milagre de Lourdes, não estou mais paralisada...' É como se eu tivesse me livrado de um sortilégio, do remorso lancinante de nunca ter me aventurado. Nunca soube? Nunca consegui? Nunca entendi o que me bloqueava desde a adolescência. Uma timidez doentia? Vergonha de ter um corpo de mulher? A recusa da sedução, inculcada nas (...) escolas cristãs (...)? Sim, tudo isso. Mas por que essas noções que eu rejeitava e condenava havia tanto tempo continuavam impressas em meu comportamento? (...) E ninguém para me dizer: 'O que há com você (...)? Está bêbada ou o quê?'"

 Do livro Um toque na estrela, de Benoîte Groult

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Uma história de superação

 Era uma vez um garoto muito inteligente e bonito, chamado Kimi. Kimi era o garoto mais desejado pelas garotas da aldeia onde morava e o melhor em todos os esportes na região. Todos o invejavam. Porém, ele tinha um terrível defeito: a falta de auto-estima. Kimi vivia reclamando de si mesmo e jamais ficava satisfeito o bastante.
 Kimi havia ficado assim porque, quando ele era criança, tinha um melhor amigo, o Rami. Rami e Kimi se davam muito bem e sempre brincavam juntos depois da escola, entretanto Rami tinha inveja de Kimi como todos os outros e, um dia, ao ser superado por Kimi em uma brincadeira, discutiu com o amigo, o chamando de arrogante e feio.
 - Você se acha o melhor de todos, mas na verdade não passa de alguém metido e exibicionista! - disse Rami, mesmo sabendo que não era verdade. Desde então, Kimi falava sempre que não se achava belo ou inteligente, para as pessoas o acharem mais humilde. Com o tempo, passou a acreditar nisso, e então se tornou alguém sem nenhum amor próprio.
 Um dia, uma sábia bruxa foi visitar a aldeia onde Kimi morava. Ela tinha vindo do frio norte do país, atravessado mil lagos e mil tempestades de neve, e chegado com muita experiência e o conhecimento da cura pelas ervas e a decifração da linguagem misteriosa dos sonhos. Ela, como todos, se encantou pela beleza do garoto, mas observou seu grave defeito e se preocupou. Como tinha se afeiçoado ao menino por sua beleza, e era muito inteligente e esperta, traçou um plano para ajudá-lo a superar seus problemas.
 Certa vez, quando voltava da escola, sozinho, para sua casinha de madeira, Kimi viu um gato na rua. Era um gato preto muito bonito que chamava a atenção pelos seus olhos verdes muito brilhantes e por uma marca branca que trazia na ponta do rabo, diferente de todo o resto do pêlo do bicho. Como amava os animais, Kimi o foi até o gato tentar acariciá-lo, mas ele desapareceu. Bom esportista que era, Kimi correu na intenção de reencontrar o gato. Correu e correu, até chegar a uma árvore muito antiga. Os boatos diziam que ela era amaldiçoada, pois mesmo na primavera não tinha folhas, mas Kimi não se incomodou. De repente, ouviu uma voz feminina, que parecia estar saindo da própria árvore!
 - Como ousa se aproximar de mim? Por acaso não tens medo? Eu, a Árvore da Maldição, te condenarei por esse atrevimento!! Eu te amaldiçoo a se transformar em tudo aquilo que os outros disserem que você é!
 Assustado, Kimi correu para o mais longe possível. E a bruxa, muito satisfeita por seu plano ter dado certo, saiu com seus brilhantes olhos verdes de dentro da árvore e, com a certeza de que Kimi já havia corrido para muito longe, se destransformou da sua forma de gato.
 Kimi fez de conta que esqueceu o que tinha acontecido. Mas, com o tempo, a maldição da Árvore começou a fazer efeito. A cada comentário que ouvia, Kimi ia se transformando em uma pessoa pior. Alguns comentários nem visavam ofender, mas seus efeitos eram devastadores e Kimi começou a perder as suas qualidades uma a uma. Então aconteceu o pior: seus coleguinhas perceberam o que estava acontecendo, e começaram a xingá-lo de tudo aquilo que ele nunca quis ser. Desesperado, foi procurar ajuda com a bruxa que tinha ido visitar a aldeia, pois todos diziam que ela era sábia e excelente feiticeira. Ao vê-lo chegar, a bruxa mal o reconheceu: não tinha lançado nenhum feitiço contra o garoto, mas como ela própria havia previsto, apenas o fato de Kimi acreditar em suas palavras já foi o suficiente para provocar devastador efeito.
 “Pobre criança!”, pensou a bruxa. “Já estava amaldiçoada desde o começo: achou que seu amigo Rami estava certo e deixou que suas palavras se tornassem verdade, achou que eu estava certa e cometeu o mesmo engano... exatamente como vi nos meus sonhos. Ele amaldiçoou a si próprio, agora preciso encontrar um jeito de mostrar isso a ele”.  Mas, como a bruxa sabia do passado de Kimi e seu amigo Rami?
 - Por favor, sábia bruxa, ajude-me! - Implorou Kimi. - Ouvi dizer que você cruzou todo o país aprendendo a lidar com as ervas e descobrindo os segredos dos sonhos, e que pode desfazer qualquer feitiço e romper qualquer maldição. Por favor, a velha árvore sempre seca da aldeia me condenou a me transformar em tudo aquilo de que os outros me chamarem, e agora que descobriram isso todos estão me xingando e eu perdendo minhas qualidades!
 - Eu sei como posso ajudá-lo. – Disse a bruxa, e Kimi achou sua voz vagamente familiar. - Para quebrar a maldição, você precisa encontrar um espelho mágico, que faz com que todos que se olhem nele se vejam belos, inteligentes e especiais. Quando você se olhar nesse espelho sagrado e ver a si mesmo com todas as qualidades que quer ter de volta, a maldição terá sido quebrada.
 - E onde eu posso encontrar esse espelho? – Perguntou Kimi, em partes aliviado por ter encontrado um jeito de voltar ao que era antes e por outro lado preocupado com a possibilidade de ser algo muito difícil de se fazer.
 - Infelizmente, esse espelho sumiu há séculos e ninguém sabe o seu paradeiro – inventou a bruxa, rezando à Deusa que a segunda parte do seu plano funcionasse tão bem quanto a primeira.
 - Então, eu vou procurá-lo até conseguir! – Jurou Kimi.
 - Boa sorte, meu rapaz.
 Kimi saiu da casa da feiticeira, sem imaginar por onde começar sua busca. Ele disse o que tinha acontecido aos seus pais, que davam grande credibilidade às palavras da Bruxa e o deixaram partir em busca da cura. Kimi olhou atrás de todas as árvores do bosque, leu todos os livros e buscou em baixo de todas as pedras caídas no chão. Ele também mergulhou em cada um dos mais de mil lagos de sua terra natal e perguntou a cada um dos animais que encontrou pelo caminho. Todos eram amigos dele e gostariam de ajudá-lo, mas não sabiam como fazê-lo.
 Depois de muito procurar, Kimi foi a uma loja de vidros, perguntar ao fabricante dos espelhos locais se ele conhecia a lenda.
 - Você nunca vai encontrar o espelho, pois é uma pessoa sem perseverança – disse o vidraceiro. Mas Kimi não desistiu, e foi indiferente àquelas palavras duras. Sem que ele percebesse, a “maldição” já havia sido quebrada: ele parou de ouvir palavras negativas dos outros! Incapaz de perceber isso, Kimi continuou sua procura.
 Depois de vários anos, cansado, Kimi foi ao último lago que ainda faltava ser visitado. Ele ficava muito ao norte do país e, mesmo sendo primavera, fazia grande frio. Nas águas límpidas e claras do lago, ele pôde ver seu próprio reflexo e, de repente, surpreendeu-se com sua própria beleza. Imaginando que tinha finalmente encontrado o espelho, colocou a mão na água para pegá-lo, mas nada encontrou. Decepcionado, Kimi chorou como nunca antes em sua vida. Encostou-se numa árvore e dormiu, ainda convicto de que realizaria o seu sonho.
 - Parabéns, meu jovem! Você finalmente encontrou o espelho! – Disse-lhe a bruxa em seus sonhos.
 - Encontrei?? – Perguntou Kimi, perplexo. – Já sei! O espelho na verdade era aquele grande lago!
 - Mais ou menos. Você não percebeu que a maldição já foi quebrada?
 - Não sei, porque ninguém me xingou depois de eu ver meu reflexo no lago para eu saber – disse Kimi.
 - Você consegue se lembrar da última vez que alguém te xingou de algo?
 Então, Kimi lembrou-se do vidraceiro. E percebeu que, embora ele tenha sido chamado de sem perseverança, ele continuava perseverando em seu sonho...
 - Então, eu esbarrei no espelho e não o reconheci?
 - Melhor, querido. Você passou por experiências que lhe mostraram que a opinião dos outros não podem abalar a sua busca pelos seus sonhos, durante toda essa jornada.
 Finalmente, Kimi se lembrou de seu amigo Rami, e como ele tinha acreditado em suas palavras e isso tinha acabado por fazê-las verdadeiras...
 - Então, foi você naquela árvore?
 Depois disso, a próxima coisa que Kimi se lembra de ter visto era a copa da árvore sob a qual adormeceu. Percebendo-se acordado, Kimi agradeceu em pensamento à bruxa por tudo que havia feito por ele, e à Grande Mãe, que havia sido grande mestra daquela mulher e dele próprio, por todas as qualidades que ela o tinha dado e ajudado a aperfeiçoar.

PS: eu sou a autora ^^

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Completando um ano de pós-operatório





"Adote uma disciplina sadia, mas não seja exigente demais.
Seja gentil com você mesma.

Você é filha do Universo, assim como as árvores e estrelas:
você tem o direito de estar aqui.
E mesmo que não lhe pareça claro, o universo, com certeza,
está evoluindo como deveria."

 Há quanto tempo! Hoje faz um ano que eu operei (embora faça bem mais tempo que eu tenha me decidido a mudar várias coisas na minha aparência e conseqüentemente na minha vida).
 Estou muito satisfeita com tudo o que eu conquistei e com o amor-próprio lá em cima. Por isso quero dizer a todas vocês: é possível. E muito recompensador. Todas as pessoas elogiando a nova pessoa que você é, sorrindo, comentando, parabenizando... tenho ouvido de tudo: o quanto melhorei, que pareço mais alegre, como estou mais bonita. Que tenho bom gosto, que antes eu não era assim, mas que dá gosto de ver a "nova Tally"...
 Consegui afastar do pensamento várias preocupações de menor importância com a minha aparência. Isso ajuda muito a ser bem-vista, fora o bem-estar psicológico. Eu finalmente consegui me livrar da paranóia e enfocar outros objetivos. O ano de 2012 vai ser para retornar a minha vida normal.
 Melhor ainda: estou namorando.
 Estou agregando cada dia mais uma coisinha à minha aparência para deixá-la melhor. E já posso dizer que tenho vida nova. E como a minha vida vai ser longa, o que ficou faltando mudar, aos poucos eu vou conquistando. Passou a pressa, passou o desespero, passou a doença. Agora os itens que faltam na minha wishlist são apenas uma parte da minha vida, relevante, mas não dominante. Importante, mas não urgente. Uma batalha de cada vez, com paciência, sorriso, aproveitando o caminho até chegar ao objetivo.
 Nada mais vai me derrubar. Se este relacionamento não durar, haverão outros. Eu posso, mereço, e vou ser feliz, cada dia mais feliz. Feliz e bem-acompanhada. Com certeza. =) Não vou dizer que não tenho maus momentos mais, mas eles são cada vez menos freqüentes e a tristeza cada vez menos intensa. Estou para superar tudo.
 Muito obrigada a todas. Eu desejo o melhor a cada uma de vocês. Se cuidem, se valorizem, sejam felizes, aproveitem as conquistas ao invés de enfocar o que ainda está faltando, de nem olhar o alvo que acertou e já mirar o próximo. Saboreiem as vitórias. E vivam, vivam. Vocês merecem tanto quanto ou mais que qualquer um. O mundo precisa de vocês. Da beleza de vocês, da inteligência de vocês, da ética de vocês - pessoas disciplinadas, auto-controladas, que têm objetivos, que batalham por eles, que lutam, que são auto-críticas, que pensam a longo prazo, que sabem que as vitórias não vêm de graça e cometem auto-sacrifícios em nome de algo maior com maturidade. Amo cada Ana e cada Mia e desejo tudo de bom a todas.
 Beijos. Do fundo do coração, eu sentirei saudades.

domingo, 18 de setembro de 2011

I'm coming home

 Desde julho, eu estive em uma espécise de limbo. Lembra aquele negócio de tentar enfocar outros objetivos, valorizar os meus pontos fortes e ir levando as insatisfações com o meu corpo de uma maneira mais light? Pois é, eu fracassei na tentativa disso. Não consigo me desconcentrar das minhas imperfeições. No entando, por achar a minha preocupação com elas exagerada, doentia, não as combati, não mexi no meu corpo. O resultado é que por todo esse tempo não saí do lugar e elas estão aqui onde sempre estiveram, e o meu amor-próprio não aumentou nem um milímetro.
 Mas agora vou dar um novo fôlego para erradicá-las. Desafio: terminar a minha wishlist. Os salários de final de ano, no comércio, costumam ser bons para quem é comissionado e eu vou dar o meu melhor no trabalho para receber mais, e com isso terminar de fazer todas as mudanças. Não falta tanto, diante do que eu já conquistei.
 O que me apavora é que eu comecei querendo sair dessa em um ano, agora já estou para completar dois anos nessa vida de dismorfia corporal, e com vistas a passar o próximo nisso também. E os meus outros objetivos? Quando a minha vida vai recomeçar? Com base nisso, eu estou disposta a procurar ajuda de uma psicóloga. Vou ver se faço isso para março que vem.
 Quando terminar a minha lista de mudanças no corpo, quero começar a minha lista de mudança de comportamento (para quem não viu tem uma ali ao lado no meu perfil). Quero aprender a ser mais sedutora e acho que teatro e dança podem me ajudar a isso e a superar a timidez, super obstáculo à minha vida amorosa. Também quero me desvencilhar da voz de menininha. Enquanto isso não está ao meu alcance pretendo ir aprendendo por imitação, isto é, estou observando e procurando fazer igual a atrizes e cantoras famosas - como andam, como gesticulam, como entonam a voz para parecerem sensuais e auto-confiantes.
 Não que eu pretenda mudar só por fora. Acho que a terapia vai me fazer bem para eu superar os motivos da minha falta de auto-estima, os motivos da minha timidez. Enquanto não começo com um psicólogo, tenho lido livros de auto-ajuda e mais importante, literatura clássica - nada como autores que constróem personagens esféricos e fazem análises psicológicas profundas para nos ajudar a nos enxergarmos melhor. Até o momento, o que mais me ajudou foi O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse. Mas A beleza está nos olhos de quem vê, da Camila Cury, e Beleza à venda, da Ana Paula Ferrari, também foram úteis, eu recomendo. Aliás, esse eu já conhecia de longa data, mas para quem ainda não leu, baixe na internet e leia O Mito da Beleza, na Naomi Wolf.
 Bem, agora é recomeçar! Próximo passo: depilação definitiva. Descobri que em sites como Groupon e Peixe Urbano é possível conseguir descontos altíssimos nisso. Como é um procedimento caro (quero fazer perna inteira, o preço normal é em torno de R$3400,00), esses descontos vão ser muito valiosos. Eu preciso depilar com laser porque tenho alergia a gilete e a cera quente me deixa cheia de pêlos encravados. Como os meus são abundantes e grossos, pois tenho ovário policístico, a depilação "definitiva" não vai resolver, mas vai ajudar muito. O que sobrar deles vou me virar com a cera quente mesmo, paciência.
 Depois da depilação, vou para as roupas novas para o verão! Quase não tenho roupas para sair de casa, só para trabalhar mesmo, com uma ou duas excessões das quais eu já enjoei! XD Por isso, mal posso esperar para repaginar essa parte do meu guarda-roupas que tinha ficado pendente.
 Então vou ver se invisto nos itens baratos da minha wishlist e por último ficará o tratamento para as estrias - longo, trabalhoso, caro. Aliás, caríssimo. Vou precisar de um tempo light para retomar o fôlego antes de investir nele.
 Uma boa notícia: estou conseguindo acordar 2 horas mais cedo para me maquiar e me vestir mais criteriosamente antes de sair para o trabalho. Para quem passou 20 anos acordando em cima da hora, acostumada a dormir o máximo, inclusive por trabalhar de dia e estudar à noite, deitar tarde, foi desafiador. Mas agora já é algo incorporado à minha rotina. Eu resisti muito a fazer isso, tinha pensamentos vitimistas, queria que o mundo fosse outro, que esse tipo de sacrifício não fosse necessário, etc só que já encarei a realidade e agora já sinto falta quando não estou maquiada. Aos poucos, tenho começado a sentir menos sono do que sentia. Não queria que tivesse que ser assim, mas já que é, vou lidar com isso.
 Beijos meninas, estou com saudades de todas

sábado, 6 de agosto de 2011

 "Você desiste?". Era sua segunda pergunta. A primeira havia sido o que ela achava que ele mais gostava no seu corpo. Como ela tentou várias coisas e não descobriu, ele continuou.
 "Os seus peitos." Pausa. "Tanto é que, quando você fez a cirurgia lá, eu fui o primeiro a perceber. E pensei 'uau, ficou show de bola'. Mas não falei nada, é claro." Ele continuou falando que também gostava de uma outra coisa nela - algo que ela nunca havia valorizado em si mesma e que provavelmente nunca notaria se ele não tivesse falado. Foi uma conversa na qual ela se sentira muito reconfortada, por ter certeza da sinceridade das palavras que foram ditas, de que elas não eram um mero consolo. Elogios sinceros. Sinceros. "Você pode ter certeza que, se eu penso isso... eu não devo ser o único. Tem mais gente te vendo e gostando."
 Foi só quando já estava no final do caminho de volta para casa, depois de uma pequena caminhada, um ônibus insuportavelmente lotado no qual ela teve que ceder o seu lugar para uma velhinha, e mais uma caminhada - dessa vez longa - que ela se dera conta da dimensão do que seu amigo havia lhe dito. Então os seus seios eram atraentes - antes da cirurgia. Ela fora o primeiro passo de uma longa caminhada, que parecia destinada a não ter mais fim, que ela achava que teria que começar por ali porque seios grandes eram o mínimo. E não. Ela já era apreciada como era.
 Havia ouvido de todas as pessoas e na mídia hipócrita que haveria quem gostasse dela do jeito que ela era. E em alguns fóruns de discussão na internet lera homens que relatavam gostar de seios pequenos. Mas lhe parecia que por uma minoria ínfima não valia a pena continuar como nascera, era mais importante agradar ao máximo de homens possível para potencializar as suas chances de um dos que se sentissem sexualmente atraídos por ela um dia viessem a desenvolver enfim amor. Ainda não achava que essa idéia estava errada de fato, mas estava convencida de uma coisa.
 Se haviam homens que gostavam de seios pequenos, ela não deveria se submeter ao desgaste emocional de se perseguir pelas pequenas coisas que estavam faltando para atingir a sonhada perfeição - ou chegar o mais perto dela que os seus pobres genes lhe permitissem. Estava atormentada com o seu peso já faziam meses, sofrendo e se punindo por não conseguir atingir o valor ideal na balança continuamente e sofrer retrocessos vez após vez. Chorara numa sessão de depilação com cera quente porque não conseguia entender por que tinha que passar por aquele ritual de auto-mutilação, e agora teria que fazer depilação definitiva porque desenvolvera alergia à gilete, mas, com que dinheiro? Se desesperara porque não sabia como conseguiria dinheiro também para fazer betaterapia no intuito de tornar a cicatriz pós-operatória menos visível. Somando essas despesas, como conseguiria comprar as imprescindíveis - imprescindíveis! - roupas novas para o verão? Suas unhas nunca ficavam do mesmo tamanho para que pudesse pintá-las, e ademais aquelas estrias teriam que ter um jeito um dia. Precisava de dentes mais brancos, de uma pele sem cravos e poros visíveis...
 Nem toda a sua cultura parecia diminuir a insanidade daquilo. Alternava pensamentos desse tipo com leituras de George Orwell e Hermann Hesse. Já havia lido Marx, Naomi Wolf, Erika Jong, Scott Westerfeld, Alexandra Kollontai, nada adiantava. Não era futilidade. Era doença...
 Bobagens, bobagens, bobagens. Tinha mais é que aprender a valorizar o que já tinha, procurar as suas qualidades e ser grata por elas. Havia se proposto a fazer isso recentemente, mas simplesmente não conseguia. Sempre havia mais um defeito. Esse negócio de dismorfia corporal era grave mesmo, e não só para quem tinha anorexia e bulimia. A forma migratória da doença era igualmente atormentadora.
 Parecer-se com a Gisele Bündchen parecia, no entanto, menos desafiador do que tomar a decisão de gastar o seu dinheiro com um psicólogo e não com novas intervenções estéticas. Talvez todos os seus sonhos, menos o de ser desejada e a partir de então amada por um homem, estivessem agora inviabilizados pela loucura de perseguir cada célula do seu corpo. De censurá-la, de tentar mudá-la. Isso a consumia inteira. Toda a energia psíquica, todo o orçamento, todo o tempo que lhe sobrava, tudo ia para isso. Tinha que tomar uma decisão, ou afundaria sua vida nessa insanidade. Ou estaria saudável, como todo o resto da sociedade, e apenas se tornara tão vaidosa quanto toda mulher deveria ser? Ou seguir uma vida padrão, investí-la em casar e ter filhos, e secundarizar todo o resto, é que era normal? 
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Meninas, tentei ficar longe, mas deu nisso. =P Preciso de força para sair dessa, acho que estou ficando louca. Ou não? Talvez eu já saiba a resposta e não queira admitir. Ou talvez loucura mesmo, seja tentar ser normal num mundo de loucos. Ou talvez, os dois.
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Quero ser alegre, quero ser popular, quero ir à várias festas, ficar com muitos caras, aprender a dançar. Ter muitos amigos, ser considerada uma mulher e não uma menininha, sorrir muito, ter vários momentos felizes, vários orgasmos, encontrar um cara legal, casar. Simplesmente não pode ser assim tão difícil, simplesmente não pode ser que eu não mereça isso, simplesmente não pode ser que eu não consiga. A vida não pode ser só uma sucessão de trabalho, transporte público lotado, aula, cama - por tempo insuficiente, e sozinha - e mais trabalho. Não pode ser só privações, passar vontade de comprar as coisas, de ficar com os caras atraentes, de ter alguém com quem conversar, compartilhar. A vida, a vida bem vivida, com conforto e alegria e amizades e namoros e sexo não pode ser só para os outros. Não, eu também quero fazer parte disso. E eu vou.

sábado, 2 de julho de 2011

Mudança de perspectiva

 Olá meninas. Passei quase um mês sem escrever nem responder comentários, mas foi só por falta do que publicar aqui. Agora acho que tenho algo a escrever.
 Depois de colocar silicone, começar a cuidar da minha pele, cortar + alisar + fazer luzes nos cabelos, trocar de guarda-roupas e de sapateira, comprar maquiagens e bijouterias, faltou apenas tratamento para estrias, depilação definitiva e clareamento dentário. A idéia era não perder o fôlego até atingir todos os itens da minha wishlist de coisas para beleza, e depois começar a investir no meu comportamento.
 Só que orçamentei o que está faltando, e pelo salário que eu ganho, teria que poupar por muuuuuuuito tempo ainda para atingir esses objetivos. Só que eu não posso viver só para isso. Gastei tudo o que recebi nos últimos um ano e 3 meses com coisas para a beleza, mas tenho outros sonhos. Viagens, carteira de motorista, carro, apartamento. Ter uma boa vida acadêmica também, e um emprego melhor.  Se eu prosseguisse a investir no meu corpo, meus outros planos ficariam para daqui a muito, muito tempo.
 E a minha cabeça ficaria focada nos meus defeitos, o que eu temo que me deixaria maluca. Afinal, tinha medo de nunca ficar satisfeita o bastante com o meu corpo. De a doença me engolir e eu nunca conseguir superá-la.
 Por tudo isso, pensei em deixar o que ficou faltando para lá e ir viver a minha vida, se necessário, com ajuda de um psicólogo.
 Por outro lado, não queria "deixar as coisas pela metade". Ou pior: parar de gastar com isso e voltar a um patamar inferior. Meu plano era procurar um psicólogo caso nada fosse o bastante para me deixar satisfeita. Estava pensando que essa era a hora. Considerei ir seguir a minha vida e esquecer o pouco que ficou faltando, se necessário com ajuda médica.
 Mas acabei optando por um meio-termo entre uma coisa e outra. Esse meio-termo consiste em: enfocar o que eu já conquistei de bom e não ter pressa em conquistar o pouco que ficou faltando. Colocar a prioridade em outras coisas da minha vida, e deixar o pouco que ainda tenho para corrigir em segundo plano, para não desistir de melhorar, mas não chegar a ficar neurótica por pouca coisa.
 Estou mudando de enfoque. Sinceramente, eu já gosto muito do que vejo no espelho agora. As estrias não me incomodam muito, nem os meus dentes, e a depilação pode ir na cera quente enquanto eu não consigo dinheiro para uma depilação duradoura (já que definitiva de verdade non ecsiste). Eu me daria um 7. Para quem partiu do zero, já é muito. É muito doce me olhar no espelho e gostar do que eu vejo, muito mesmo, não consigo expressar o quanto. Também já me considero capaz de despertar desejo nos homens, preparada para começar a curtir a vida. Fazer o que eu nunca tinha me permitido fazer: baladas, barzinhos, paqueras... vou aproveitar a minha vida de jovem solteira agora. E um dia, eu sei, vai aparecer alguém especial. E eu vou quebrar a cara com ele e ficar com o coração partido. Mas eu vou voltar a curtir, e um dia vai aparecer outro. E tudo vai se repetir. Até eu encontrar alguém que vai ser para sempre.
 Por hora, vou esfriar a cabeça, me ocupar de valorizar o que eu já conquistei. Olhar com mais carinho para o meu corpo, ver os pontos positivos. Parar de lutar contra ele, contra a feiúra dele, contra a imperfeição dele, e começar a cuidar dele.
 Por isso, agora só vou gastar com a minha beleza em fazer a manutenção do que já tenho. Remédios para a pele, hidratação no cabelo todo mes, luzes a cada 3 meses, etc. Tudo isso já vai uma BOA grana.  Eu ainda vou melhorar (para além de manter o que ja conquistei), mas aos poucos. Ainda esse ano vou fazer um clareamento dentário. Um dia vou tratar as estrias. Um dia, vou fazer uma depilação a laser. Um dia. E ainda este mês vou colocar um piercing no umbigo. Comemorar a minha barriga lisinha e sem 1g a mais do que deveria ter. Um pequeno ornamento para o meu ilíaco evidente. =)
 Minha vida de agora em diante vai ser assim: gastos mensais com depilação, produtos para a pele, hidratação + luzes + alisamento, e repor as maquiagens que forem acabando. Talvez uma peça de roupa ou acessório por mês. Mas o grosso do dinheiro irá para outras coisas, quero ter mais vida, sabe? Pela primeira vez em mais de um ano este mês eu vou gastar com outros tipos de coisas, digamos não estéticas. Vou me dar um livro por mês, ingressos para o GP Brasil de Fórmula 1, vou ao cinema, irei a baladas, bares, playcenter... não vou mais ser tão mesquinha comigo. Gastar com um lanche quando eu passar um dia todo fora de casa, me dar um remédio para dor de cabeça quando eu estiver precisando, enfim, parar de economizar nessas pequenas coisinhas, sabe?
 Não me arrependo de nada do que eu fiz e nunca vou me arrepender: todos esses pequenos - e os grandes - sacrifícios se reverteram em conquistas. Mas agora vou dar uma diminuída no ritmo. Curtir o que eu já consegui, e também me planejar para alcançar coisas de longo prazo. Quero viajar para a Inglaterra quando eu me formar na faculdade, e além disso fazer um curso de inglês - quero chegar lá já falando a língua. Vou também juntar uma grana para finalmente sair da casa dos meus pais, quero ter um apartamento. Isso vai levar muitos anos, pelo pouco que eu ganho, mas é o meu novo alvo.
 Continuem batalhando meninas, vai valer a pena. Todas vamos conseguir, todas somos capazes. Nunca duvidem de si mesmas. O maior erro que eu já cometi na minha vida foi deixar as pessoas que não acreditaram em mim me convencerem de que eu não conseguiria. Todas podemos. Vamos ser fortes, vamos nos superar mentalmente e fisicamente. Eu ainda me considero alguém com transtorno dismórfico corporal, mas estou na luta e sei que vou conseguir sair dessa. Vocês também podem.
 Beijos e força, adoro vocês

sábado, 4 de junho de 2011

Só um susto

 Depois de um momento em baixa na motivação, agora eu me sinto recuperada e estou de volta com força total. Tive depressão alguns anos atrás, e me conheço: essa época outono/inverno é a pior para o meu ânimo. As diminuições na luz solar e na temperatura são as grandes inimigas do meu humor, e o mais recente não será o último dos meus dias de desesperança este ano. Por mais certeza que eu possa ter de que é biológico e não há um motivo concreto para tamanha consternação, o fator hormonal é mais forte do que eu e minha racionalidade: tenho quedas no amor-próprio quando esfria. O meu consolo é que já não tenho mais depressão, portanto, é muito menos grave do que era anos atrás.
 Desde o meu último post tenho me sentido especialmente bem: finalmente o resultado de 2 anos de esforços já está se delineando. Como eu odiava o meu corpo e só conseguia enxergar nele feiúra, usava roupas mais para escondê-lo do que para qualquer outra coisa, e não conseguia me maquiar sem me sentir uma palhaça. Mas agora que estou mais satisfeita com os meus seios (para mim magra, peituda e bunduda são os pré-requisitos para uma mulher ser bonita XD), estou abandonando um guarda-roupas inapropriado; um completo descuido com minha pele e meus cabelos e aquela falta total de ânimo para me maquiar e depilar. Eu não tive dinheiro para jogar as roupas todas fora imediatamente e comprar outras, mas estou construindo tudo de novo dentro dos limites do meu orçamento, aos poucos.
 Já possuo um arsenal de maquiagem completo, só preciso ir repondo o que termina, periodicamente. Também fiz um curso de auto-maquiagem, comprei livros, assisto tutoriais no youtube. Evoluí muito com os calçados e estou muito satisfeita com os meus vários pares de sapatos. *-* Já não sei viver sem eles: me sinto uma criança de tenis, especialmente quando solta o cadarço, é como se eu tivesse novamente 7 anos idiotas de idade. Como não gosto de mostrar muito o corpo e em geral não uso roupas curtas ou decotadas, é no salto alto que reside uma boa parte da sensualidade do meu visual. Desde o primeiro ano do Ensino Médio eu venho querendo blusas de frio novas e legais. Agora eu finalmente as tenho em variedade e beleza o suficiente para sair de casa me sentindo muito confiante e bem aquecida. Tenho também um montão de calças legging que se tornaram a minha paixão e agora só falta comprar as jeans. Só não vou comprá-las enquanto não estiver 100% satisfeita com o meu peso, o que está bastante perto aliás. Já atingi a primeira de 3 metas, mas não tenho pressa, vou indo aos poucos sem provocar prejuízo da minha saúde. Abandonei a idéia de tomar remédios para isso, estou me respeitando. Minha pele continua acneica, no entanto tem melhorado de maneira contínua e se eu continuar neste ritmo, logo terei um rosto sem espinhas nem cravos como sempre quis até o final do ano.
 Meus cabelos são ondulados, e já me renderam vários elogios. Eu até gosto disso nos dias em que ele acorda comportado, mas o excesso de volume e de frizz me deixam louca. Fui tentando vários tipos de cortes e luzes, para ver se conseguia mantê-lo bonito mas no ondulado natural. Após váááárias tentativas, agora estou convencida de que apenas lisos eles fazem eu me sentir realmente auto-confiante. E dizem que a beleza está mais no amor-próprio que na aparência. Assim, não sei se mes que vem ou no seguinte, eu finalmente vou fazer uma escova definitiva, um novo corte (outro!) que dê leveza aos fios e adotar o hábito de hidratar no salão mensalmente (eu já hidrato em casa a cada 15 dias).
 Enfim, os esforços vêm sendo recompensados aos poucos. Tenho saído de casa de cabeça erguida ultimamente, me sentindo poderosa com meu bem-sucedido conjunto de roupas + maquiagem + calçado + bijouterias. É estranho já não me sentir monstruosa, muito estranho.
 O grande problema é o perfeccionismo. Um detalhe na minha aparência que não esteja impecável já me preocupa o bastante para eu perder o rebolado. Estou procurando trabalhar nisso e ser mais auto-indulgente, essa cobrança excessiva não é saudável. (Até porque, homens nem reparam em coisas como brincos ou unhas pintadas, o que lhes interessa são bunda, seios e coxas.) Nisso ainda não tenho sido muito bem-sucedida, mas vou conseguir.
 Enfim, resumindo, eu tenho alternado dias de grande bem-estar, quando me arrumo bem antes de sair, com algumas crises ideológicas e momentos de desânimo, que tendem a ser a menor parte do tempo.
 Chega, eu já falei demais!
 Beijos e força para todas

sexta-feira, 27 de maio de 2011

"Muitas das falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão quando desistem." Thomas Edison

 Edison levou um ano inteiro de tentativas até conseguir inventar a lâmpada. Passou por uma infância sofrida e pobre, e suas primeiras invenções não trouxeram retorno financeiro nem reconhecimento, embora fossem boas. Poderia ter desencanado de ser cientista. Ele chegou a dizer: "Não me desencorajo, porque cada tentativa errada descartada é outro passo à frente." Mas após incontáveis vezes finalmente conseguiu manter uma luz acessa por 45 horas seguidas. Não fosse por ele este monitor, formado por milhares de microlampadas, não existiria.
 Rutherford repetiu dezenas de vezes a famosa experiência na qual descobriu a estrutura do átomo até conseguir se convencer de que havia feito corretamente e que os resultados que observava eram verdadeiros -  eu nunca vou esquecer do meu professor de química do cursinho, dizendo que ele era teimoso e cabeça-dura. Que bom que ele não descartou o resultado de sua experiência de primeira, ou ainda acreditaríamos no modelo atômico de Thompson, com prejuízos para a medicina, entre outras áreas. 
 Obrigada por todos os comentários que vocês deixaram para mim. Eu ia abandonar os meus sonhos, mas agora penso: "já cheguei tão perto, por que desistir agora? E se eu conseguir na próxima tentativa? Tenho que continuar lutando." Vocês me deram forças para recomeçar. Obrigada, garotas.

Ayumi Hamasaki - Real Me


"What I need? "O que eu preciso?
What you need?O que você precisa?
Yokubou ga atteTalvez está tudo bem
Mitasarenai uchi wa      E enquanto eu tiver desejos
Daijoubu kamo ne"Eu não estarei satisfeita"

 Quando uma pessoa tem anorexia ou bulimia, tem um transtorno de auto-imagem que a faz se enxergar muito mais gorda do que realmente é, e chegar a extremos para tentar superar isso (jejum, vômito auto-induzido). Eu tenho transtorno dismórfico corporal, e também me enxergo como monstruosa. A diferença é que o motivo da insatisfação vai mudando. Eu era obcecada com os meus seios, depois comecei a ficar paranóica com a minha pele (que ainda não está boa), mas agora o meu peso tem começado a ser uma fonte maior ainda de insatisfação e, me conhecendo, quando eu resolver essas duas coisas logo vou estar insatisfeita novamente, com algo novo, provavelmente o cabelo. E eu ainda vou aumentar os seios um dia.
 Essa vida com dismorfia corporal é uma merda e isso vai sugando as energias que poderiam ser gastas com coisas mais produtivas, como arte, ciência, política, esportes, cultura, entretenimento, sociabilização, trabalho, um namoro... o amor próprio se esvai. O tempo, o dinheiro são gastos nisso. E as energias psíquicas.
 "O que eu preciso?" Será que eu preciso mesmo de mais um sapato? De uma pele perfeita? De um cabelo não sei como? "Talvez está tudo bem." Talvez eu já seja "bonita", ou pelo menos, eu não seja tão monstruosa quanto me enxergo. Mas, "enquanto eu  tiver desejos / Eu não estarei satisfeita", e eu ainda preciso, ou sinto que desejo, ter uma imagem melhor.
 Vejam bem, eu quero que vocês me entendam. Eu nunca quis ser bonita "para mim mesma". Eu quero ser bela para ser respeitada, bem-vista e tratada, e com isso conseguir um parceiro. Construir uma família com ele. Esse é o objetivo, sempre foi desde o começo, eu nunca escondi isso. E, agora que já dei tantos passos adiante, não vou desistir mais! O que eu preciso é de muitas thin inspiration, para me motivar.
 Não quero ouvir que a opinião dos outros não importa. Eu quero ser bela e não ser mais o motivo de piadas e comentários de todos. Isso magoa, e muito! Quero ter uma imagem que os outros respeitem. E que os homens desejem, porque a minha solidão dói. Sabem o que é chegar aos 20 anos sem ter tido um namorado? A sensação de que "ninguém me quis" é tão avassaladora que eu vou combatê-la com todas as armas que eu tiver. Chegar o mais perto possível do padrão, merecer elogios, pescoços virando na minha direção. E ter um aspecto que agrada ME faz bem. Me faz menos sozinha, menos humilhada, mais respeitada, enfim mais feliz. Não é só uma questão de auto-satisfação, mas de bem-estar no convívio com os outros membros da sociedade. Por que não?
 Se alguma de vocês ainda puder me apoiar mesmo assim, eu adorarei apoiá-las de volta. Vamos lutar pelos nossos objetivos e alcançá-los, todas somos capazes.
 Eu estou recomeçando hoje.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fim

 Acabou. Eu desisto.
 Desde tão nova, eu sempre soube que não iria casar, ter filhos - e até rejeitava a idéia. Bom, eu tentei lutar contra isso, mas é, de fato, inútil. Fui uma monstra numa vida passada, estou irreversivelmente destinada à solidão nesta.
 Faz exatamente um ano que eu me propus a ser bela e conseguir um namorado. Foi um ano absolutamente atípico na minha vida: única vez que eu me preocupei com a aparência, que eu tentei me relacionar com um cara. Até negligenciei a faculdade. Mas, tudo em vão. Preciso reconhecer a derrota.
 Agora, vou reaprender a viver como vivia antes: para o trabalho e os estudos. Parar de gastar o meu tempo, os meus esforços e o meu dinheiro com maquiagens, roupas, tratamentos estéticos, cabelo, cirurgias plásticas e afins. E, sobretudo, parar de me desgastar emocionalmente. Meu dinheiro irá para um apartamento, um carro, viagens, e livros. Meu tempo irá para o trabalho e os estudos. Nada mais me resta, tentar qualquer outra coisa é garantia de fracasso.
 Eu fracassei, eu perdi, game over, hora de virar a página. Agora reconheço que a solidão é a minha única amiga, o meu único destino e a minha única certeza.
 Bem lá no fundo, sempre haverá aquela esperançazinha. Aquela coisa que me dá ao ver um homem bonito, aquela dúvida se foi comigo aquele assovio, aquela tristeza ao ver casais se beijando, tão forte e tão visceral que eu sou obrigada a desviar os olhos para não ver aquilo. E a conter as lágrimas.
 Em pensar que ao longo deste ano algumas vezes eu realmente consegui ficar atraente! Com boas roupas e sapatos, maquiagem perfeita e um cabelo legal. Tão feliz ao me olhar no espelho! Tão cheia de mim ao ouvir os elogios! É, mas eu desisto de tentar parecer uma princesa 100% do tempo. Isso exigiria mais esforço, mais dinheiro, mais tempo. E tudo isso para despertar desejo nos homens. Para que um, um dia, ao ser fisgado pela aparência, possa querer estabelecer um relacionamento sexual comigo, vá se apegando com o tempo, depois quem sabe não passe a me amar, não é mesmo? É, para todas as outras, menos para mim. Eu sou uma fracassada, que além do mais, não consegue achar um homem feminista, que saiba valorizar uma mulher. A esmagadora maioria é de canalhas que não consegue enxergar em nós mais do que um buraco onde chegar e enfiar o pau. Nos descartam logo depois. Nos usam como depósitos de porra. E têm orgulho disso. Mesmo se eu conseguisse ser gostosa, eu iria pastar com um quadrúpede atrás do outro até achar alguém que prestasse. É mais dor do que eu estou disposta a suportar. Acabou para mim. Eu não sou gostosa o bastante para conseguir um homem e é quase impossível achar um homem humano o suficiente para valer a pena estabelecer um relacionamento.
 Quanto dinheiro eu gastei, quantas horas de sono eu perdi, quanta dor física atravessou o meu corpo, o quanto eu sofri? Bom, mas agora acabou. Já fui até o meu limite, e não vou continuar nessa batalha perdida.
 Talvez um dia eu venha a ter um relacionamento homossexual. Talvez nem isso. Solidão, obrigada por ser uma companheira fiel, devotada, e que jamais me abandona.
 Se alguém um dia ler isto aqui, saiba que eu desejo felicidades.
 PS: estou apagando todas as fotos do blog.
 PS2: se alguém leu o post do dia 11/08/2010 (http://ensolarandome.zip.net/), a situação ficou a seguinte: achei a saída do labirinto antes de encontrar o tesouro. Poderia voltar para o labirinto a fim de continuar procurando pelo tesouro, mas preferi sair sem isso. Não por medo de não reencontrar a saída, por exaustão pura e simples. Esse labirinto foi só um contratempo, um desvio do meu percurso. Agora é voltar à rota.
 Um diploma. Uma carreira científica. Uma cadeira para lecionar em uma universidade. Dinheiro. Um pouco de diversão, ainda que sozinha. Livros nos quais me distrair da solidão. Isso é tudo.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mudaram as estações, nada mudou


 Os dias de frio voltaram, com a melancolia que lhes é inerente. Me sinto novamente desolada e infeliz e percebo que, após toda essa jornada, na realidade nada mudou.
 Sinto como se estivesse desperdiçando esforços em uma tarefa fadada a ser infrutífera. Continuo tão lamentavelmente solitária quanto sempre fui, e receio que nunca deixarei de ser. Um homem me amou, mas ele daria um péssimo parceiro. Outros se aproximaram ou me elogiaram. Mas, essencialmente, a vida segue a mesma. Sem um namorado que me ame, sem a quantidade de parceiros que eu almejo. Não sou tão bela quanto gostaria nem tão bem vestida ou maquiada. Na verdade, não sou tão disciplinada quanto preciso, deve ser isso. Ou será que é algo pior e menos solúvel?
 O tempo está passando, a vida escorre com os grãos de areia por através da fina cintura da ampulheta, que caem, inexoravelmente, irreversivelmente. A minha morte pode ser daqui a poucos minutos, e o que eu terei deixado? Nada. O que eu terei vivido? Quase nenhuma boa lembrança. O que eu levarei comigo? Esta última nem me atrevo a tentar responder.
 Minha vida amorosa segue sendo um desastre. O cara que eu amo não quer saber de mim, mas neste momento prefiro a dor de não ser correspondida. Não quero, não consigo seguir em frente ainda. Eu tenho medo do dia em que amarei outro. Porque jurei que este foi o último cara por quem eu só chorei, que eu não alcancei... mas, e se eu voltar a amar e fracassar? Será que eu cresci em maturidade, e me tornei mais atraente? Será que eu o fiz o bastante para conseguir ser correspondida da próxima vez? E, mais importante, será que eu sou capaz de suportar mais uma decepção?
 Minha vida sexual segue lamentavelmente. Pornografia, masturbação... e nenhum homem. Só contando calorias, subindo à balança, tirando medidas, usando cosméticos, gastando com roupas, com sapatos, com maquiagem. Ainda tão longe do que preciso ter para ser considerda bonita. Estarei eu igualmente longe de conseguir um parceiro? Será que eu posso mesmo acreditar que a minha solidão terá um fim quando eu me olhar no espelho e gostar do que vejo? Ou será que nem isso resolverá?
 A solidão dói, o frio incomoda, a cama de solteira, os casais se beijando no shopping, os dedos sem aliança, as pessoas andando de mãos dadas no metrô, as mulheres belas passando, os colegas de trabalho comentando a última Playboy, a literatura falando sobre o amor, os dias de folga passados a sós. Tudo fere.
 Mas eu ainda não desisti.

sábado, 16 de abril de 2011

Disciplina


 Olá a todas! Como vão?
 Eu estou mais ou menos no mesmo estado de ânimo que no último post. Mas fiz mais algumas reflexões.
 Sabem meninas, tenho percebido que coisas que eu não esperava mudaram na minha vida, com esse negócio de busca pela perfeição. Ter metas, com prazos, e traçar meios de atingí-las me tornou uma pessoa mais disciplinada, mais regrada, sabem? Pelo lado negativo, mais sistemática e rígida também. Mas é assim que se alcança objetivos, não é mesmo? Não resolveu, mas diminuiu algumas tendências negativas que eu tinha, como por exemplo: tentar fazer mil coisas ao mesmo tempo e não levar nenhuma a cabo; deixar tudo para depois e acabar nem fazendo, ou fazendo pior do que poderia na última hora; esquecer de tudo, mesmo coisas muito importantes...
 Agora eu adquiri vários hábitos de organização que foram decisivos para os passos que eu pretendia dar para me tornar mais bela: tomar notas, ter uma agenda, não tirar os objetivos de vista, ser mais organizada, estabelecer e cumprir prazos, checar o andamentos dos meus projetos periodicamente... acho que isso é algo que eu vou levar para a minha vida, inclusive profissional, mesmo que eu não me torne a Gisele Bündchen.
 Bem, lembram que eu tinha dois projetos para este ano: "projeto cabelo perfeito para 2011" e "projeto pele perfeita para 2011"? Então, eu estive repensando a respeito deles e avalio que estou bem abaixo do que eu pretendia, e deveria. Ainda dá pra correr atrás do prejuízo daqui até dezembro, com certeza. Vou dizer a vocês como está o andamento.
 Sobre a minha pele. Depois de muita chateação, apertar vááárias vezes o botão "soneca" do celular e pensar em desistir quase que todo dia, consegui me disciplinar a acordar uma hora mais cedo para cuidar da pele do rosto (lavar, tonificar, hidratar, passar protetor e me maquiar) antes de sair de casa. Não tenho feito isso religiosamente, mas consegui grandes progressos. O duro é que uma parte dos produtos acabou antes de cair o salário do mês, ou seja: estou sem eles ao menos até dia 30. Lição aprendida: planejar melhor o orçamento e repor as coisas assim que perceber que estão acabando. No entanto, vou ter que trocar por outra marca (usava L'Occitane) porque os preços dela estão acima do que eu posso dispor no momento. Só uma coisa ainda não consegui fazer de fato: passar protetor solar sempre antes de sair. É mais um hábito que eu preciso introduzir.
 Eu também deveria estar fazendo limpeza de pele todo mês, mas estamos em abril e eu só fiz isso duas vezes. Na primeira delas, uma funcionária da clínica me recomendou ir à ginecologista para descobrir se a minha pele estava no estado em que estava por algum problema hormonal. Eu fui e ela acertou: parece que é síndrome do ovário policístico. Vou começar a tomar anticoncepcional para melhorar a pele, espero que agora ela fique realmente boa. Ele também vai reduzir meus pêlos, a oleosidade do meu cabelo, aumentar o meu peso, causar retenção de líquidos e aumentar as minhas mamas. Mas o que realmente me preocupa é que ele pode causar dores no estômago, de cabeça, depressão e alterações de humor, além de hipersensibilidade mamária. =/ Me desejem sorte. XD
 Por fim, ainda preciso conseguir dinheiro para comprar maquiagem na Contém 1g e adquirir o hábito de comer ao menos uma fruta por dia.
 Sobre o meu cabelo, cortei e fiz mechas, além de uma hidratação. Mas ela foi a única até agora e isso precisa ser mudado, mas ter dinheiro para uma próxima hidratação, só lá para 30 de maio. =P Daí por diante vou ver se começo a fazer escova progressiva mensalmente.
 Enfim, o saldo é que o dinheiro não deu para tudo o que eu queria, mas foi o suficiente para uns 50%. O que eu não consegui, foi um pouco por falta de grana, outro pouco por falta de disciplina. O lado bom é que o dinheiro que não gastei com pele e cabelo foi gasto com roupas e sapatos, o que também foi muito útil.
 É isso meninas, perseverem com disciplina que os resultados virão. Eu já obtive vários e pretendo alcançar as minhas metas até dezembro. Força para todas
 =*********

sexta-feira, 25 de março de 2011

Pressa

 "A esperança deixa de ser felicidade quando acompanhada de impaciência."
 Olá meninas. Como vão?
 Eu já estou melhor do último post. Tenho percebido que o problema maior que tenho se chama pressa. Tenho todas as ferramentas em minhas mãos para alcançar o que desejo, o problema é que exige tempo, disciplina, esforço diário, dedicação... e a falta de resultados a comemorar dia após dia vai minando o meu auto-controle. Difícil pensar a longo prazo. Relaxo, me descuido, arranjo desculpas ("só hoje não vai fazer diferença..."), e no final acabo retrocedendo ao invés de avançar em direção às minhas metas.
 Preciso entender de uma vez por todas que o hoje é importante, é absolutamente importante, para eu atingir os meus objetivos. O hoje, o agora. Que cada pequeno gesto faz diferença, e eu não posso me descuidar em nenhum detalhe.
 Agora volto à questão, à pergunta que não quer calar. Por que sempre me saboto?
 O que há de errado comigo que sei o que fazer, sei como fazer, compreendo a necessidade de fazer e até tenho os meios objetivos de fazer o que preciso para alcançar os meus sonhos. Mas sempre faço merda. Adio, atraso, erro erro erro. Desculpa sempre tem, mas e solução? Cadê? Se só depende de mim, o que me impele a agir contra os meus desejos?
 O que procuro hoje é bem-estar psicológico. Conseguir ir levando a vida, dia após dia, com um sorriso no rosto, mesmo que as minhas realizações tenham que vir a passo lento. Conseguir encontrar prazer nas coisas do cotidiano, e ir relevando o que não dá para ser mudado. Ir afastando a neura, sem afastar da agenda a ação concreta em prol do que anseio.
 Trago aqui algumas frases que julgo inspiradoras.

 "Muitas pessoas pensam que a felicidade somente será possível depois de alcançar algo, mas a verdade é que deixar para ser feliz amanhã é uma forma de ser infeliz."

 "Adote uma disciplina sadia, mas não seja exigente demais. Seja gentil com você mesma."

 "Se queres ser feliz amanhã, tenta hoje mesmo."

 "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."

quarta-feira, 16 de março de 2011


 Eu estou desistindo. Alguém, por favor, não me deixe perder a fé em mim mesma. Alguém, alguma coisa. Por favor.
 Será que eu sou capaz? Acho que eu nasci com algo ruim por dentro, eu não sei o que, com uma incapacidade inata, com uma couraça de espinhos. Onde está a minha disciplina? Onde está o meu auto-controle? Onde está a minha determinação? Pra onde foi a minha determinação? Pra'onde? E aquela auto-confiança, não de quem se ama, mas de quem se acredita capaz de mudar para merecer o amor? Um dia eu acordei e ela não estava mais aqui dentro. Para onde ela foi?
 Acho que eu sei a resposta: ela nunca esteve comigo.  No fundo eu sempre soube, eu sempre soube que não conseguiria. Eu sou uma profissional em encontrar desculpas para os meus fracassos e falsos-pretextos para postergar as minhas realizações. "Quando tal coisa acontecer..." Tal outra irei fazer. Felicidade eu vou sentir. Daí eu vou sossegar. Daí, sim, tudo estará resolvido.
 Mas daí a tal coisa acontece. E eu faço o que me propus a fazer? Me sinto feliz? Sossego? Tudo se resolve? Não, não. Não e mais não. Eu só adio para depois de mais uma outra coisa, a minha felicidade, a minha aquisição de disciplina, etc.
 Talvez nem com disciplina, auto-controle e determinação. Talvez seja só impossível para mim. Talvez seja só insolúvel o meu problema, deve ter algo de errado comigo, que eu não sou capaz de localizar, mas que se fosse ficaria louca, e nem sequer conseguiria mudar. Preciso reconhecer que sou um caso perdido.
 Quando vai chegar o dia em que eu vou ser feliz? Eu já não agüento mais, ir realizando uma coisa após a outra, e nada ser o bastante. Nada me adianta para conseguir o que eu realmente almejo. Mais um fracasso. Quantos já foram? Quantos mais eu terei que sofrer?
 Devo estar procurando o que realmente quero nos lugares errados. Lutando pelos meios errados. Mas, por Deus, quais são os certos? Será que eu ainda não tentei todas as alternativas? Eu estou esgotada. Não quero, mas acho que só me resta desistir.
 Eu já nem acho mais que sou capaz de melhorar. Talvez não importa o quanto eu melhore, nunca seja o suficiente. Não o suficiente para eu alcançar o que eu quero de fato. Eu devo ser tão ruim que nem uma vida de esforços me melhoraria o bastante para eu chegar em um patamar aceitável.
 Talvez eu tenha uma predestinação, um estigma, algo de negro e indelével, que me impeça de alcançar o que eu quero. E talvez eu queira tanto justamente porque não me é possível. Eu tenho tantas coisas, tantas qualidades, tantos bens, tantas oportunidades... eu provavelmente deveria aprender a ser feliz com essas coisas, afinal eu provavelmente nunca vou conseguir mais. Mais do que eu tenho, e realizar o meu desejo. O meu desejo "mais profundo, e mais desesperado". E que é o mais legítimo desejo que um ser humano pode sentir.
 Quando, afinal, eu vou conseguir ser amada? Construir a minha própria família? Acho que eu deveria reconhecer que simplesmente não sou capaz. Eu achava que se fosse me melhorando e persistindo uma hora eu conseguiria. Mas eu devo reconhecer de uma vez que simplesmente isso não é para mim, é para pessoas melhores que eu.
 Eu sou um espinho, eu sou um vômito, eu sou um mau-cheiro, eu sou um bicho feroz, eu sou qualquer coisa que afasta e afasta e afasta as pessoas. Eu sou um incômodo, eu sou uma inútil, eu sou aquilo que não é bem-vindo, eu sou aquela que não é convidada. Eu sou o único verde em um todo preto, o único círculo entre vários triângulos, eu sou um estrépito no meio de uma melodia, eu sou aquela que distoa do todo.
 Meu destino é o isolamento, e eu nunca deveria ter tentado romper com isso, porque é impossível.
 O meu sobrenome de casada é Solidão.

sexta-feira, 4 de março de 2011

 "(...) conseguiu aprender somente a odiar a si mesmo. Contra si próprio, contra esse objeto nobre e inocente, dirigiu a vida inteira toda a genialidade de sua fantasia, toda a força de seu poderoso pensamento. Foi precisamente através do Cristo e dos mártires que aprendeu a lançar contra si próprio, antes de mais nada, cada severidade, cada censura, cada maldade, cada ódio de que era capaz. No que respeitava aos outros, ao mundo em redor, sempre estava fazendo os esforços mais heróicos e sérios para amá-los, para ser justo com eles, para não fazê-los sofrer, pois o 'amarás teu próximo!' estava tão entranhado em sua alma quanto 'odiar-se a si mesmo'; assim, toda a sua vida era um exemplo do impossível que é amar o próximo sem amor a si mesmo, de que o desprezo a si mesmo é em tudo semelhante ao acirrado egoísmo e produz afinal o mesmo desespero e horrível isolamento." O Lobo Da Estepe - Hermann Hesse

 Pois bem, aqui estou eu, ou o que restou de mim, após esse longo processo de auto-desconstrução. Mudei de peso, corte e cor dos cabelos, seios, roupas, unhas, pele. Modos. Visão de mundo. E de mim mesma.
 Hoje gosto do que vejo no espelho, não sinto vergonha de quem sou, não sinto auto-desprezo, não sinto inveja, não me sinto inferior.
 Dizem que o meu caminhar vai mais elegante, que eu pareço melhor, que tenho sorrido mais. As pessoas elogiam minhas novas roupas, ouço cantadas, recebi uma proposta de namoro, comecei a freqüentar baladas, estou aprendendo a me aproximar dos rapazes...
 Pelo lado negativo, ainda estou me recuperando de uma tentativa de estupro ocorrida na última noite de quarta-feira. Mas não aconteceu nada de grave. (Não, eu não estava de decote nem usando uma roupa colada, ou curta. Estava com uma jaqueta folgada, calça jeans e um salto baixo. Só não consigo deixar de sentir uma espécie de orgulho ao pensar "alguém mal pode conter o desejo que sente por mim")
 De alguma forma, embora eu não odeie mais a minha aparência, não tenho 100% de bem-estar com relação a ela. Eu sinto alguma culpa por me encaixar em um padrão que deveria ser combatido, e não endossado. Mas sei que foi melhor pra mim reconhecer que preciso fazer isso por mim mesma, mesmo que não seja o desejável para o conjunto da sociedade na qual estou inserida.
 E depois disso tudo, sinto que pouco mudou de verdade. Porque meu objetivo era combater a minha solidão, tarefa que ainda não concluí.
 Consigo sociabilizar e ser mais bem-aceita pelas pessoas, mas não consigo deixar de notar o quanto esses relacionamentos são frívolos e carecem de profundidade. São também efêmeros e muitas vezes baseados em interesses. Eu preciso me reaproximar das amigas de verdade (coisa que já tenho feito, embora com falhas).
 Ainda não tenho um namorado, mas isso já não me parece algo impossível, só algo que levará tempo. Não sou mais carente para ficar com qualquer um que queira.
 Mas a coisa mais importante aconteceu ontem. Tive um lampejo, um insight, uma epifania. Foi libertador, e tenho que dividir.
 Sabem o que estava nas raízes da minha falta de amor-próprio, de auto-aceitação, da minha carência? O fato de eu não ter sido amada pelo meu pai. "Se nem o meu pai me amou, eu devo ser horrível. Todo pai ama a própria filha, só uma monstra é tão ruim que nem o pai gosta dela. Se nem ele me ama, quem vai amar?" Eu me dizia, desde os meus 3 anos de idade, embora eu já tivesse esquecido disso.
 Repentinamente me dei conta de que, simplesmente, o problema não está em mim. Não é a minha aparência. Não são os meus defeitos - quem não os tem? Eu sou linda. Se eu não fosse, isso não justificaria nada, as pessoas não merecem amor só depois de serem belas. Eu sou um ser humano fantástico. Sou culta, sou altruísta... Foi um abandono na infância eclipsou isso. Só que agora basta.
 Eu estava tomando café-da-manhã, quando de súbito, me lembrei que quando eu era mais nova, fazia isso, subia as escadas até o meu quarto, e ficava chorando em algum lugar visível, dizendo "ninguém gosta de mim". Isso era um misto de desabafo com necessidade de chamar a atenção das pessoas para a minha tristeza. E as pessoas da minha casa nunca, por mais que eu desejasse isso com todas as forças, faziam como eu fantasiava, e me perguntavam "Tally, o que você tem? Por que está chorando? Posso te ajudar?" Não, ninguém se importava.
 Lembrei também que eu ia toda orgulhosa mostrar para o meu pai meus desenhos, minhas notas, as coisas que eu aprendi. Ele demonstrava desinteresse e me pedia para que eu o deixasse ver o jogo de futebol, terminar de comer, ou simplesmente ficar sozinho, "em paz". Eu odiava a idéia de a minha presença roubar a paz dele. Elogios? Nunca.
 Eu fui crescendo e começaram as brigas. Cada centavo gasto comigo jogado na minha cara como um favor custoso e terrível que eu tinha que ter vergonha de ter imputado. Berros, agressão física, inclusive em público. As pessoas comentavam, desviavam os olhos de vergonha, mas acudir? Nunca. Minhas lágrimas foram desconsideradas, e nunca ouvi ou ouvirei um pedido de desculpas.
 E então vieram as críticas. A tudo, não vou ficar enumerando, não quero aborrecer. Mas elas foram severas, dolorosas, penetrantes, e o mais importante: imerecidas.
 E por fim, veio o abandono definitivo.
 Nunca vou entender o motivo, mas hoje "conheci a verdade e ela me libertou": qualquer que tenha sido, não fui a culpada. Nenhuma criança merece a indiferença, o abandono, os espancamentos, as crises de berros, o ódio. O ódio, o ódio puro, pulsando nas veias, avermelhando o rosto, o corpo todo, impelindo ao ataque físico, e a todo tipo de demonstrações de cólera. Em público, na frente de familiares, desconhecidos, na rua. Nenhuma criança merece ouvir que não devia ter nascido, todas as vidas são preciosas para o mundo. Nenhuma criança merece ser considerado um saco de despesas que o pai se arrepende de ter gerado. Se ele ao menos fosse muito pobre... mas não é. Ele é só mesquinho, egocêntrico, frio, malévolo. Eu nunca fiz nem poderia ter feito nada para ele.
 Não, eu não sou detestável. Eu não sou uma monstra. Eu não sou horrível. Ele é horrível.  Eu sou digna de amor, eu sou especial, eu sou única. Não li isso na Bíblia, nem em livros de auto-ajuda. Não foi porque uma amiga disse. Não vi na televisão. Nenhum pastor evangélico me pregou isso. De repente, eu simplesmente soube disso.
 Pai, obrigada por tudo. O seu ódio me impulsionou aos mais altos patamares de auto-exigência, e portanto, de auto-aperfeiçoamento.
 Agora, acabou. Hoje eu sou livre. Para me amar, ser feliz, e receber amor de volta. Não importa como eu aparente ser.

 ----- ♥ -----   ----- ♥ -----  ----- ♥ ----- Algumas siliconadas ----- ♥ -----  ----- ♥ -----  ----- ♥ -----